segunda-feira, 15 de dezembro de 2008



As melhores ondas


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1.
«Argumento:
Se um site for fácil de editar, os adultos conseguem editar o site.
Os sites da Gestor de Conteúdos© são fáceis de editar.
Logo, os adultos conseguem editar os sites da Gestor de Conteúdos©.
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Observando o argumento verificamos que é um argumento que respeita o Modo Afirmativo, isto é, a sua primeira premissa é uma condicional, a segunda afirma o antecedente e a conclusão afirma o consequente, e como tal, o argumento é válido.
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Foi estudado nas aulas de Filosofia, que, por vezes, os argumentos válidos ou os argumentos sólidos, não são satisfatórios, isto é, como os argumentos são utilizados para convencer alguém (auditório) de algo, estes além de sólidos devem ter um efeito persuasivo, devem ser convincentes. Visto que o argumento que estamos a trabalhar é um argumento publicitário, a necessidade de persuasão aumenta! Já vimos então que o argumento é válido, e aparenta ser sólido. Mas será um bom argumento?
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A persuasão exigida para tornar um argumento sólido num bom argumento foi estabelecida por Aristóteles (Filósofo Grego, séc. IV a.C., pioneiro da Retórica) que disse que a persuasão de um argumento consistia no facto de este cumprir três “requisitos”: ethos, pathos e logos; a que chamamos provas de persuasão.
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Concentremo-nos no argumento: o ethos é a prova de persuasão que reside no orador, na capacidade de oração do mesmo, neste argumento o orador é uma empresa especializada na gestão de websites que pela sua autoridade na matéria nos revela um elevado carácter moral (embora, por vezes, na publicidade os oradores abusem da sua autoridade), e como tal, esta prova persuasiva é cumprida; em relação ao pathos (disposição do auditório), o argumento ontinua a cumprir, isto é, o auditório a que este argumento se destina é restrito, são as pessoas (adultos com raras excepções) que trabalham com websites ou que querem produzir um website sem formação, e o argumento, como é de certo modo irónico, desperta, no auditório destinado, sentimentos de persuasão, isto é, como normalmente os jovens têm mais aptidão para as TIC, o orador diz ironicamente “que até um adulto é capaz!”, e como tal apela aos sentidos do auditório, com sucesso; por último, o logos, qualidade do discurso, também aparenta ser satisfatório, isto é, as palavras utilizadas, a tal ironia que referi, conferem ao discurso a tal qualidade que permite preencher mais uma prova de persuasão.
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Em suma, o argumento em causa é um bom argumento, pois além de ser sólido, persuade o auditório a aceitá-lo de um modo satisfatório.»
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(Rui Ramos 11.º ACT)

2.
«Como já o Rui disse, o argumento presente no anúncio publicitário é o seguinte:
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Se um site for fácil de editar, os adultos conseguem editar o site.
Os sites da Gestor de Conteúdos© são fáceis de editar.
Logo, os adultos conseguem editar os sites da Gestor de Conteúdos©.
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Quanto a sua persuasão, depende do auditório em questão. É fácil de confirmar que o argumento é válido, pois, como o Rui disse, este argumento respeita a regra do modo afirmativo, dado que, perante uma primeira premissa que é uma condicional, a segunda premissa afirma o antecedente e a conclusão afirma o consequente. E à primeira vista também parece ser um argumento sólido, portanto para saber se é persuasivo é necessário recorrer às provas da argumentação persuasiva(ethos, pathos e logos).
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A dimensão mais presente neste anúncio é, na minha opinião, o pathos, dado que ver um bebé a rir com aquela cara fofa é extremamente apelativo para a maioria das pessoas e desperta emoções como a ternura, a sensação de familia e confiança que uma empresa necessita de transmitir.
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A dimensão argumentativa do discurso também está presente com a frase irónica "Até um adulto é capaz", que apela a muita gente, dado que a ironia é um recurso estilístico muito frequente e apreciado, apesar de algumas vezes falhar, não sendo este o caso.
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A dimensão do carácter moral do orador não está tão presente como as outras duas, mas também está presente na medida em que a empresa coloca um bebé no seu anúncio publicitário para induzir as pessoas a confiar nessa mesma empresa.
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Portanto, na minha opinião, este argumento é persuasivo, além de sólido é bom.»
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(Edgar 11.º ACT)

3.
«Na minha opinião, o argumento deste anúncio publicitário é o seguinte:
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Se um site da empresa Gestor de Conteúdos for fácil de editar, os adultos conseguem editar um site da empresa Gestor de Conteúdos.
Os sites da empresa Gestor de Conteúdos são fáceis de editar.
Logo, os adultos conseguem editar os sites da empresa Gestor de Conteúdos.
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O argumento em causa é persuasivo pois obedece às três provas persuasivas: ethos, pathos e logos.
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A prova persuasiva ethos corresponde ao “carácter moral do orador”. Tendemos a acreditar numa pessoa que é (ou parece ser) um especialista na matéria, ou seja, uma autoridade na matéria. Neste argumento, há uma autoridade (especialista na matéria) que não é uma pessoa só, mas sim uma empresa: a empresa Gestor de Conteúdos. Acreditamos que é fácil editar sites da empresa Gestor de Conteúdos, porque isso nos é dito por um especialista (neste caso, a própria empresa Gestor de Contéudos).
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A prova persuasiva pathos corresponde à “disposição dos ouvintes”, ou seja, os sentimentos ou emoções que o auditório experimenta quando confrontado com o que é dito. Este anúncio publicitário desperta no auditório (adultos) a emoção “Se os jovens conseguem porque não conseguirei eu?!” devido à ironia presente (“Até um adulto é capaz!”) e à imagem (bebé) que é bastante apelativa.
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A prova persuasiva logos corresponde à dimensão argumentativa do discurso. Neste anúncio publicitário deixamo-nos persuadir pela ironia presente neste anúncio publicitário referida anteriormente: “Até um adulto é capaz!”.
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Assim, o argumento deste anúncio publicitário é persuasivo, pois obedece às três provas persuasivas: ethos, pathos e logos.»
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(Canadas 11ºACT)

quarta-feira, 10 de dezembro de 2008

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Lectio
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A Arte de Argumentar, de Anthony Weston, trad. port. de Desidério Murcho (Lisboa: Gradiva, 1996), é um pequeno livro que ensina a construir um ensaio argumentativo. Propõe regras para a redacção de argumentos curtos, para argumentos baseados em exemplos, por analogia, de autoridade, sobre causas e dedutivos. E não esquece as principais falácias, que podem enfraquecer a nossa a argumentação, expondo-a a críticas fáceis (da parte de quem delas tenha conhecimento!). Termina com conselhos úteis sobre como explorar o tema de um ensaio argumentativo, como desenvolver a nossa argumentação, como antecipar possíveis objecções e até como escrever o próprio ensaio.

Usado profusamente nas escolas americanas – onde se leva muito a sério o exercício de competências cognitivas –, este livro é extremamente útil para estudantes do ensino secundário e, sobretudo, para aqueles que estão a pensar continuar os seus estudos por mais alguns anos (para não falar de todas aquelas pessoas que nas suas profissões tenham que sustentar decisões numa boa argumentação – jornalistas, políticos, advogados, juízes, gestores…). Como diz o autor na sua introdução, «ter opiniões fortes não é um erro. O erro é não ter mais nada.» (p. 15)

quinta-feira, 4 de dezembro de 2008

Objectivos para o teste (10.º ano)




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- Saber o que é um argumento
(Ver: págs. 37-38 do manual adoptado)

- Identificar premissas e conclusão num argumento.
(Ver: págs. 38-39,­ 43, 44)

- Reconstruir argumentos
(Ver: págs. 40-44)

- Definir acção humana.
(Ver: págs. 63-64)

- Identificar o problema dos motivos da acção humana.
(Ver: pág. 69)

- Apresentar argumentos a favor e contra o egoísmo psicológico.
(Ver: págs. 69-71 + fotocópia)

segunda-feira, 1 de dezembro de 2008

A minha resposta à Quaestio de 22 de Novembro

Para Aristóteles, o objectivo da Retórica era produzir persuasão e verificou que dispomos de três espécies de provas por persuasão, a que chamou o logos (o que se demonstra ou quer demonstrar no discurso), o pathos (o modo como se dispõe o auditório) e o ethos (o carácter moral do orador).

Este anúncio publicitário quer fazer passar a ideia que os sites da “Gestor de Conteúdos” são os mais fáceis de utilizar; logo devemos utilizar os sites/contratar os serviços da “Gestor de Conteúdos”. Este é o argumento utilizado no anúncio, a sua estrutura lógico-argumentativa, a sua dimensão racional (o logos). E neste aspecto, podemos considerá-lo um bom argumento, pois as empresas que têm necessidade de utilizar sites da internet desejam fazê-lo de modo o mais simples possível, para resolverem os seus problemas sem gastarem muito tempo. Ou seja, a premissa do argumento parece, de facto, mais plausível do que a sua conclusão.

Mas o anúncio em apreço não é apenas persuasivo pela sua estrutura lógico-argumentativa. Além disso, o anúncio suscita no auditório um conjunto de emoções e sentimentos, aquilo a que se chama a dimensão psicológica e afectiva do discurso (o pathos). O anúncio serve-se de sentimentos agradáveis (bom humor, boa disposição, caridade), que os bebés provocam nas pessoas em geral, para persuadir, através de sentimentos e emoções, de que os sites desta empresa são tão fáceis que até um bebé conseguiria utilizá-los. O anúncio faz sentir (mais do que pensar) que se os bebés conseguem, os adultos muito mais facilmente o conseguirão; é mesmo um apelo à ideia comum de que “há um bebé dentro de cada um de nós”, incluindo dentro dos empresários e operadores de computadores potenciais clientes da empresa “Gestor de Conteúdos”!

Podemos ainda vislumbrar a prova persuasiva do ethos (a postura que o orador deve assumir para inspirar confiança no seu auditório e merecer credibilidade – dimensão moral) no facto do bebé estar vestido de fato e gravata, como um executivo, portanto; facto que, além de promover uma melhor identificação bebé-empresário, poderá inspirar mais confiança, dando um carácter um pouco mais sério ao anúncio e mostrando assim alguma credibilidade aos olhos do potencial cliente da empresa “Gestor de Conteúdos”.

Por tudo isto, podemos dizer que se trata de um anúncio potencialmente persuasivo.